Entrevista com a engenheira cartógrafa Mariane – Sensoriamento remoto
Atualizado: 9 de fev. de 2021
Uma das definições do sensoriamento remoto é a de que ele é uma junção de técnicas que visa à representação e coleta de dados, sem ser necessário o contato direto. A coleta dos dados se dá através de sensores, que estão acoplados a estruturas físicas como satélites.
Tudo começou com o desenvolvimento da fotografia, que já era relacionada com o levantamento topográfico, no final do século XIX. O advento do avião, simultaneamente à evolução das maquinas fotográficas, revolucionou as fotos aéreas e consequentemente a fotointerpretação. Até então as fotos aéreas eram feitas por balões. A partir da primeira metade do século XX, já estavam disponíveis fotos coloridas e durante a segunda guerra mundial (1939-1945) estudos sobre interações entre radiações de diferentes espectros começaram, com o intuito de detecção de camuflagem.
Ao se expandir, após a guerra fria, o uso das imagens de satélite serviu para a expansão do sensoriamento remoto pelo mundo, apesar de ainda apresentar um alto custo.
Hoje surgem novas alternativas e novos softwares que fazem com que o sensoriamento passe a ser mais popularizado e explorado. O uso do sensoriamento é amplamente difundido e diverso agricultores utilizam de tais técnicas em suas plantações. Entidades do governo também usam do sensoriamento para monitorar e averiguar as vegetações e assegurar o cumprimento da lei.
Foi entrevistada a engenheira cartógrafa, Mariane dos santos Pessanha, graduada pela UFRRJ e atualmente mestranda em Engenharia agrícola, também pela UFRRJ. Acompanhe a seguir:
Mariane dos Santos Pessanha
Entrevistador: O que é o sensoriamento remoto e como ele funciona?
Mariane: O sensoriamento seria a ciência de se obter informações através de sensores e análise da resposta espectral de diferentes alvos da superfície terrestre. Através das diferentes respostas que os alvos refletem podemos estabelecer informações a respeito deles.
E: Os sensores são dependentes da luz solar?
M: Não necessariamente. Eles podem ser ativos e passivos. Satélites como os da família Landsat são passivos e dependem da luz solar, os radares são sensores ativos, ou seja, o próprio sistema emite energia em direção ao objeto.
E: Como é o panorama atual do sensoriamento remoto no Rio de Janeiro? Você acredita que existe uma evolução na adesão das pessoas?
M: O sensoriamento remoto vem se aproximando muito dos usuários devido às plataformas gratuitas como Google Earth e o Google Maps. Antes as pessoas não tinham tanto contato, devido ao alto custo das imagens.
Com esse avanço e essa aproximação maior, o cenário vem mudando, principalmente com o advento dos Drones.
E: Como você encaixaria os Drones nesse novo panorama do sensoriamento remoto?
M: Funciona com uma câmera acoplada a um veículo aéreo não tripulado, um sistema de baixo custo, se comparados com o preço das imagens de satélites. Com isso é possível extrair informações através de um sensor remoto.
E: Com o Advento dos Drones, o agricultor conseguiu ter mais acesso ao sensoriamento remoto?
M: Sim, os agricultores agora podem contratar serviços muito mais baratos, e acompanhar sua produção. Inclusive fazer análises da qualidade da vegetação que associado a dados meteorológicos viabiliza o controle hídrico do sistema. Hoje eles conseguem ter acesso a imagens que antes estavam distantes, devido ao alto custo, além do desconhecimento da tecnologia.
E: Entre os serviços da Flora Jr, está a restauração, que se enquadra como uma importante peça na recuperação de áreas degradadas. Um dos principais problemas no que diz respeito à restauração é sua manutenção. O sensoriamento remoto poderia auxiliar no monitoramento da vegetação restaurada? E na qualidade?
M: Sim, através dos índices de vegetação como o NDVI, é possível avaliar a qualidade da vegetação. A análise das bandas espectrais e álgebra de mapas proporcionam resultados que facilitará a interpretação e acompanhamento do projeto.
E: O Cadastro Ambiental Rural (CAR) apresenta diversas vantagens para o produtor. Além de se regularizar o produtor também terá acesso a seguros e créditos agrícolas. Para o governo, se torna uma grande ferramenta com o intuito de quantificar as propriedades, além de delimitar as áreas que devem ser protegidas. A Flora Jr visando auxiliar o produtor na sua regularização e asseguração de benefícios, oferece fazer o CAR entre os seus serviços. Com que preocupação você teria na elaboração do CAR?
M: A grande preocupação dos serviços realizados por profissionais de diferentes áreas no CAR é a questão da precisão do posicionamento planimétrico, um levantamento realizado sem embasamento teórico e prático acarreta em erros no produto final.
E: Quais as implicações que essas ferramentas que apresentam certa imprecisão acarretam sobre o produto final?
M: Você acaba não tendo um trabalho fundamentado numa norma, baseada em conceitos teóricos, profissionais executando de maneiras diferentes, podendo ocasionar sobreposição de áreas, extrapolação ou diminuição, gerando dados quantitativos que diferem da realidade.
E: O que você, como engenheira Cartógrafa, recomendaria para não termos mais esses problemas?
M: Eu recomendaria que este serviço estivesse amarrado a uma norma teórica, e associado a uma equipe multidisciplinar, seja um engenheiro cartógrafo e agrimensor, um florestal ou agrônomo, para assim quantificar não só com precisão a medição, mas também com a norma ambiental vigente. Além da medição os parâmetros qualitativos da vegetação também poderiam ser avaliados.
Por mais que aparentemente o sensoriamento remoto possa parecer uma atividade de alto custo, temos hoje diversas opções de baixo custo no mercado, que podem auxiliar o produtor com seus negócios. A popularização do Drone fez com que muitos monitoramentos possam ser executados com um custo muito mais baixo, além de estarem mais próximos da propriedade e assim com fotos mais precisas.
Outra função importante que podemos citar é no monitoramento de áreas restauradas além de auxiliar na elaboração do CAR (Cadastro Ambiental rural).
A utilização do sensoriamento no Brasil cada vez ganha mais adeptos, e o que antes era motivo de resistência, hoje está comprovado a eficiência no aumento da qualidade da produção, além de uma melhora significativa do seu monitoramento.
Agradecemos a Mariane pelo tempo disponibilizado para a entrevista. Esperamos que tenha ficado mais claro o que é o sensoriamento remoto e a sua importância em diversas áreas diferentes!
Fiquem ligados no blog da Flora Júnior para outras entrevistas e dicas que serão postadas!
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