Entrevista com Fernando de Sousa - benefícios do gongocomposto
Atualizado: 14 de out. de 2020
A busca por substratos com técnicas acessíveis e que trazem benefícios às plantas sempre esteve presente no ambiente agrário. A partir de algumas pesquisas realizadas por entidades, foram comprovados como a presença do gongolo pode tornar o processo de compostagem mais eficaz.
O gongocomposto é a combinação entre o gongolo e os microrganismos presentes no solo e nos resíduos, seu uso disponibiliza uma série de benefícios para mudas, em especial hortaliças.
Pensando nisso, foi realizada uma entrevista com Fernando de Sousa, engenheiro agrônomo e biólogo que atualmente realiza pesquisas na Embrapa, especificamente sobre o gongocomposto e o seu desenvolvimento em hortaliças. Acompanhe a seguir:
Fernando de Sousa
Entrevistador: Quais os nutrientes presentes no gongocomposto?
Fernando: Os nutrientes presentes no gongocomposto dependem diretamente dos resíduos que serão fornecidos para o gongolo se alimentar durante o processo de gongocompostagem, sendo eles resíduos orgânicos secos.
E: Como é realizada essa técnica?
F: É realizada a partir da utilização de componentes da natureza, como a serapilheira que consiste na camada superficial do solo, formada pela deposição dos restos de plantas e acúmulo de material orgânico vivo em diferentes estágios de decomposição.
Também são adicionados resíduos orgânicos secos, reproduzindo um ambiente de floresta como folha de pata de vaca, folha de bananeira, sendo acrescentado o papelão.
E: Há uma espécie especifica de gongolo que é utilizada?
F: O gongolo utilizado nas pesquisas foi a espécie Trigoniulus corallinus, ocorrente em ambientes subtropical e tropical. Há grande quantidade no Brasil, inclusive em Seropédica.
Mesmo sendo exótico é mais ativo no consumo dos resíduos do que espécies nativas. Em 10 dias o gongolo consome de 3 a 4 vezes o peso dele em serapilheira, gerando mais húmus.
E: Como se adquire o húmus do gongolo?
F: O húmus do gongolo são as próprias fezes dele que se acumulam nos resíduos.
E: Como saber quando o composto está pronto para uso?
F: A partir dos 3 meses, mas para melhor resultado é recomendado o uso após 4 meses de processo. Pois assim terá uma maior disponibilidade de nutrientes, podendo ser peneirado e utilizado prontamente como substrato.
E: Quais os benefícios presentes nesse substrato?
F: A granulometria dele retém água numa quantidade boa, e boa aeração, fornecendo ar e água as raízes.
Possui também riqueza de nutrientes com 2% de nitrogênio, rico em cálcio por conta da adição de leguminosas que são ricas em cálcio.
E: Qual a diferença entre o substrato com minhoca e o gongocomposto?
F: Minhocas são processadoras de resíduos animais e gongolos de resíduos vegetais. Então aquilo que demoraria muito tempo pra ser decomposto na natureza e os processos de compostagem tradicionais não tolerariam, por conta da alta relação C/N que o gongolo faz que é comer resíduos que a minhoca não teria a capacidade de comer, então só processaria as fezes do gongolo ou no caso, estercos animais ou material já compostado, no caso, as minhocas em ambientes urbanos.
E: Quais as vantagens da utilização do gongocomposto?
F: Gerar um produto orgânico e de qualidade na produção de mudas, permitindo que o produtor use o dinheiro que seria gasto com substratos para aquisição de sementes ou outros materiais. Ao comparar com o substrato comercial, dependendo do substrato os materiais não são renováveis e não promovem uma sustentabilidade do sistema. O gongocomposto em contrapartida consegue reunir características físicas e químicas ótimas ao desenvolvimento vegetal.
Portanto, o gongocomposto é considerado uma ótima opção para o plantio de hortaliças por ser de baixo custo, os animais utilizados serem facilmente encontrados e ser capaz de assegurar o desenvolvimento inicial de diversos vegetais, produzindo húmus com muito valor nutricional.
Agradecemos ao Fernando pelo tempo disponibilizado para a entrevista! Fiquem ligados no blog da Flora Júnior para mais postagens como essa!
Boa noite top a